Uma das histórias de amor mais conhecida no mundo todo, Romeu e Julieta de Shakespeare já foi adaptada em mais de 30 filmes e peças, isso sem falar em danças e filmes de animação. Mas a versão de 1968, dirigida por Franco Zeffirelli se tornou minha favorita desde que assisti o filme, durante a aula de literatura na minha escola, quando tinha 14 anos de idade.
Naquela época, eu pouco sabia sobre os atores e até mesmo sobre o diretor da obra e, mesmo assim, o longa-metragem me fascinou tanto quanto a trilha sonora de Romeu e Julieta, composta por ninguém menos do que Nino Rota, que é famoso por seu trabalho de compositor para criar o tema do filme O Poderoso Chefão (1972), pelo qual ganhou um Oscar junto de Carmine Coppola.
Nascido em Milão, na Itália, em 3 de dezembro de 1911, Nino já era conhecido como uma criança prodígio na música. tanto ao compor músicas quanto ao comandar orquestras. Sua primeira experiência como músico foi em abril de 1922, aos 11 anos de idade, ao finalizar o tema do oratório Infanzia di S. Giovanni Battista para vocalistas solos, coro e orquestra. De acordo com o livro Nino Rota's The Godfather Trilogy: A Film Score Guide de Franco Sciamenno, ele até foi rotulado como o "novo Mozart" por um jornal local.
Nino ainda compôs para filmes como La Dolce Vita e 8¹/² Divulgação/Domínio Público |
Muitos anos depois, já que sua estreia como compositor de filmes aconteceu em Treno Popolare (1933), com a parceria com o diretor Franco Zefirelli já acertada, apareceu a oportunidade de adaptarem a peça de Shakespeare para as telonas. A conversa entre o diretor e compositor sobre essa possibilidade ocorreu enquanto ambos trabalhavam no filme A Megera Domada (1953) com Elizabeth Taylor e Richard Burton. Zefirelli, confiante após o sucesso de A Megera, e já tendo adaptado Romeu e Julieta no começo de 1960, deve ter achado que a história dos dois jovens amantes seria mais um sucesso para ele, como conta o livro Romeo and Juliet de Jill Levenson, e ele não estava errado não: até hoje essa é a adaptação de Romeu e Julieta mais bem-sucedida no mundo todo.
Assim, não demorou que Nino concordasse em fazer parte dessa produção, já que ele, anteriormente, havia criado as músicas para Zefirelli quando a peça de Romeu e Julieta estava nos palcos da Itália. Ainda de acordo com Sciamenno, a canção mais querida do filme, a música-tema de amor entre os dois jovens, chamado de What is a Youth, foi construída por uma escala menor, chamado modo eólio, que os gregos utilizavam, deixando a harmonia mais leve. E leveza e nuances não faltam neste longa-metragem, que contava com os iniciantes Leonard Whiting como Romeu e Olivia Hussey como Julieta.
Logo no prólogo do filme, os acordes utilizados para a canção são extremamente melancólicos, quase como se já nos dissessem, pelas entrelinhas, que o amor de Romeu e Julieta nunca dará certo. Até mesmo as canções na parte do baile, apesar de terem um estilo renascentista, nunca são de fato alegres. Elas permeiam toda a tragédia da vida dos dois amantes, como um aviso que nos assombra.
Até a música quando conhecemos os personagens deixa claro a intenção de Nino Rota. Ao avistarmos Romeu, por exemplo, a canção nos transmite a sensação de esperança que ele sempre teve quando se trata de amor, tanto que na primeira vez que ele aparece na tela, ele está segurando algumas flores, presentes para sua antiga amada Rosaline. Ele, assim como o tema, representam o poder do amor juvenil, aquele que parece nunca ter um fim.
Já com Julieta, a canção tem acordes bem mais alegres, quase como se ela representasse a juventude por si só. Sua primeira aparição acontece enquanto ela espia através da janela, remetendo a famosa cena do balcão entre Romeu e ela. Ela representa, tanto quanto a música, a vivacidade e a alegria de viver, o que atraiu seu amado até ela. A música deixa isso muito mais claro.
O cuidado de Nino Rota ao montar a trilha sonora do filme valeu a pena. O tema de amor do longa-metragem se tornou o número um nas paradas de sucesso, já que no baile dos Capuletos existe um cantor professando os versos com a música, e ganhou uma versão no ano seguinte, em 1969, chamada a Time for Us, pelo compositor Henry Mancini, que deixou a canção um pouco mais rápida com a voz do cantor Johnny Mathis. Um CD com a trilha sonora do filme foi lançado antes, em 1968, e é necessário para qualquer amante desse clássico.
De acordo com o livro The Invisible Art of Film Music: A Comprehensive History de Laurence E. MacDonald, o tema, aliás, tem várias outras nuances que ouvidos não treinados para música podem deixar passar batido: quando Romeu vê Julieta dançando no baile, a canção ressoa com um oboé sob o fundo do efeito trêmulo de cordas. Isso se refere a ânsia de se apaixonar. O coração batendo mais forte, o aumento das batidas do coração.
Nenhuma música neste filme, seja apenas ao fundo enquanto os personagens conversam, ou preparando o clima de uma cena em particular, é usada em vão. Nino Rota nunca o permitira e os amantes de Romeu e Julieta o agradecem por isso.
Assim, não demorou que Nino concordasse em fazer parte dessa produção, já que ele, anteriormente, havia criado as músicas para Zefirelli quando a peça de Romeu e Julieta estava nos palcos da Itália. Ainda de acordo com Sciamenno, a canção mais querida do filme, a música-tema de amor entre os dois jovens, chamado de What is a Youth, foi construída por uma escala menor, chamado modo eólio, que os gregos utilizavam, deixando a harmonia mais leve. E leveza e nuances não faltam neste longa-metragem, que contava com os iniciantes Leonard Whiting como Romeu e Olivia Hussey como Julieta.
Zefirelli apostou em dois atores desconhecidos e a química deu certo BHE Films/Gif |
Até a música quando conhecemos os personagens deixa claro a intenção de Nino Rota. Ao avistarmos Romeu, por exemplo, a canção nos transmite a sensação de esperança que ele sempre teve quando se trata de amor, tanto que na primeira vez que ele aparece na tela, ele está segurando algumas flores, presentes para sua antiga amada Rosaline. Ele, assim como o tema, representam o poder do amor juvenil, aquele que parece nunca ter um fim.
Já com Julieta, a canção tem acordes bem mais alegres, quase como se ela representasse a juventude por si só. Sua primeira aparição acontece enquanto ela espia através da janela, remetendo a famosa cena do balcão entre Romeu e ela. Ela representa, tanto quanto a música, a vivacidade e a alegria de viver, o que atraiu seu amado até ela. A música deixa isso muito mais claro.
Johnny Mathis ao cantar a versão de What is a Youth
De acordo com o livro The Invisible Art of Film Music: A Comprehensive History de Laurence E. MacDonald, o tema, aliás, tem várias outras nuances que ouvidos não treinados para música podem deixar passar batido: quando Romeu vê Julieta dançando no baile, a canção ressoa com um oboé sob o fundo do efeito trêmulo de cordas. Isso se refere a ânsia de se apaixonar. O coração batendo mais forte, o aumento das batidas do coração.
Nenhuma música neste filme, seja apenas ao fundo enquanto os personagens conversam, ou preparando o clima de uma cena em particular, é usada em vão. Nino Rota nunca o permitira e os amantes de Romeu e Julieta o agradecem por isso.
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