William Powell ficou conhecido como o rei dos filmes de mistério - sua carreira como um 'detetive' das telonas começou ao ser escalado para viver a personagem Philo Vance, baseado em uma série de livros de mistério de S. S. Van Dine entre os anos 20 e 30. Seu primeiro filme interpretando Vance começou com O Drama de Uma Noite (The Canary Murder Case, 1929) e desde ali Powell ficou conhecido por interpretar homens com muita classe, esperteza, sarcasmo e é, claro, com uma mente que até Sherlock Holmes teria um pouco de inveja.
A única série de filmes que para ele, fez mais sucesso do que como Philo Vance, foi interpretando Nick Charles ao lado da Nora da atriz Mirna Loy, em mais de seis filmes dos Acusados, que, aliás, também foi baseado no livro homônimo A Ceia dos Acusados de Dashiell Hammet. Um casal sofisticado, companheiro e igualmente excitante e inteligente, o primeiro filme da série com Powell e Myrna foi um sucesso estrondoso de bilheteria e o estúdio RKO, com quem Powell tinha um contrato de curta duração, quis lucrar com essa fórmula.
Assim, o público ganhou o filme O Rapto da Meia Noite (Star of Midnight, 1935) com William Powell e a novata Ginger Rogers.
Divulgação/Gif |
O Rapto da Meia Noite, baseado no livro The Star of Midnight de Arthur Somers Rocher, conta a história de Clay 'Dal' Danzell, vivido por William Powell, um advogado de grande fama que já ajudou a desvendar outros casos anteriormente. Dessa vez, no entanto, ele tem como companheira Donna Mantin, interpretada por Ginger Rogers, uma jovem que tinha uma queda por ele desde criança e insiste em ajudá-lo no caso, além de falar sobre casamento sempre que pode. Clay sofre um atentado após seu amigo Tim Whintrop (Leslie Fenton) chegar a Nova York e pedir auxilio para encontrar sua amada Alice Markham, que em uma note fatídica reaparece como Mary Smith. Assim começa uma busca pela sua pessoa que envolve inúmeros personagens. Tantos que até o espectador se perde.
Fica claro que O Rapto da Meia Noite, que estreou em abril de 1935, é uma versão mais 'preguiçosa' de A Ceia dos Acusados, o que é uma pena, já que Ginger e William, apesar de 19 anos de diferença de idade, tem uma ótima química. Seu personagem é culto e sério, enquanto a personagem de Ginger - uma socialite rica, prestativa e engraçada - se mesclam muito bem e através de diálogos rápidos e muito concisos, conseguimos perceber e entender a fascinação que um tem pelo outro.
Foto publicitária para o filme que está à venda no ebay Divulgação |
Powell, aliás, parece ter muita sorte com as loiras em sua vida - com Carole Lombard, sua segunda esposa, com quem terminou o relacionamento de forma amigável, Jean Harlow, com quem ficou noivo e até com Jean Arthur, atriz com quem ele fez mais de cinco filmes juntos. Mas Ginger, com certeza, foi sua co-estrela mais ocupada - ela gravava O Rapto da Meia Noite ao mesmo tempo que ensaiava para gravar o filme Picolino (Top Hat, 1935) ao lado de Fred Astaire.
Em sua autobiografia Ginger: My Story, ela contou que gravar O Rapto da Meia Noite foi um alívio: "Eu estava muito grata de trabalhar em uma comédia sofisticada ao invés de ficar horas intermináveis escutando a mesma canção mais de cinco mil vezes...Trabalhar com o mesmo pessoal na RKO significava que o estilista Bernard Newman tinha minhas medidas e poderia deixar meus vestidos prontos antes do almoço, se necessário. Ele desenhou vestidos lindos, especialmente o primeiro, uma blusa branca com uma saia preta de seda. Era bem sofisticado."
A roupa favorita de Ginger Rogers do filme Divulgação |
Já para William Powell este foi seu primeiro filme de 1935 e seu último em contrato com a RKO, já que ele passaria a ser um ator da MGM, que em seu primeiro filme no estúdio já foi colocado para contracenar com outra loira: sua namorada na vida real, Jean Harlow, no filme Tentação dos Outros (Reckless, 1935).
Outra curiosidade interessante sobre mais mulheres na vida do ator é que, ao fundo da foto acima, existem duas fotos emolduradas em cima do móvel do quarto do personagem - uma foto é da atriz Irenne Dunne, com quem ele atuaria em 1947 no filme Nossa Vida com Papai (Life With Father) e a outra é Ann Harding, com quem ele atuou em 1933 no filme Double Harness (idem). Infelizmente, não conseguimos encontrar uma razão óbvia para as atrizes estarem nas fotografias, a não ser por uma referência à suas personagens de personalidades expansivas e sofisticadas, assim como Ginger Rogers também interpretava no filme. Poderia até ser uma piada interna, afinal.
Apesar de ser um filme lotado de personagens, um amante ali, um assassinato para cá e até uma ferida de bala tão falsa que é impossível de se crer, O Rapto da Meia Noite lá tem seus triunfos: uma referência no roteiro, dita pelo próprio William Powell, quando sua personagem revela que as pessoas o consideram como "Charlie Chan, Philo Vance e um santo, todos embrulhados em um só." A frase se refere ao personagem Philo Vance, que Powell interpretava brilhantemente no cinema. Isso apenas prova, aliás, como a fórmula do filme de mistério foi aplicada na película, já que isso era um dos maiores atrativos de Powell.
Outra característica brilhante do filme O Rapto da Meia Noite é que o espectador nunca descobre quem é Mary Smith/Alice Markham. Do começo ao fim, apenas o que se vê é seu calcanhar no táxi e quando a música-tema do filme Midnight in Manhattan começa a tocar, lá para o final da película, a cantora nem é creditada! Sua curiosidade continua atiçada para saber quem Alice é, mesmo que em O Rapto da Meia Noite nunca a veja.
Com atores coadjuvantes como Paul Kelly, um interessante chefe da máfia, Ralph Morgan, o bobamente engraçado Gene Lockhart e o centrado chefe de polícia vivido por J. Farell MacDonald, além de uma antiga namorada de Dal, que é mal aproveitada na história, o filme O Rapto da Meia Noite lá tem seus virtudes e merece ser assistido para se observar a maravilhosa química entre Ginger e Powell, que apesar de nunca se beijarem na boca no filme e ficarem apenas na deliciosa provocação, deveriam ter feitos mais filmes juntos.
Só não espere uma história além de drinks, conversas e personagens em demasia, colocados ali astutamente para te confundir - divirta-se com as loucuras e travessuras de Dal e Donna, que só por isso que O Rapto da Meia Noite vale a pena.
Outra curiosidade interessante sobre mais mulheres na vida do ator é que, ao fundo da foto acima, existem duas fotos emolduradas em cima do móvel do quarto do personagem - uma foto é da atriz Irenne Dunne, com quem ele atuaria em 1947 no filme Nossa Vida com Papai (Life With Father) e a outra é Ann Harding, com quem ele atuou em 1933 no filme Double Harness (idem). Infelizmente, não conseguimos encontrar uma razão óbvia para as atrizes estarem nas fotografias, a não ser por uma referência à suas personagens de personalidades expansivas e sofisticadas, assim como Ginger Rogers também interpretava no filme. Poderia até ser uma piada interna, afinal.
Apesar de ser um filme lotado de personagens, um amante ali, um assassinato para cá e até uma ferida de bala tão falsa que é impossível de se crer, O Rapto da Meia Noite lá tem seus triunfos: uma referência no roteiro, dita pelo próprio William Powell, quando sua personagem revela que as pessoas o consideram como "Charlie Chan, Philo Vance e um santo, todos embrulhados em um só." A frase se refere ao personagem Philo Vance, que Powell interpretava brilhantemente no cinema. Isso apenas prova, aliás, como a fórmula do filme de mistério foi aplicada na película, já que isso era um dos maiores atrativos de Powell.
Ginger tinha 23 anos de idade e Powell tinha 42 anos Divulgação |
Com atores coadjuvantes como Paul Kelly, um interessante chefe da máfia, Ralph Morgan, o bobamente engraçado Gene Lockhart e o centrado chefe de polícia vivido por J. Farell MacDonald, além de uma antiga namorada de Dal, que é mal aproveitada na história, o filme O Rapto da Meia Noite lá tem seus virtudes e merece ser assistido para se observar a maravilhosa química entre Ginger e Powell, que apesar de nunca se beijarem na boca no filme e ficarem apenas na deliciosa provocação, deveriam ter feitos mais filmes juntos.
Só não espere uma história além de drinks, conversas e personagens em demasia, colocados ali astutamente para te confundir - divirta-se com as loucuras e travessuras de Dal e Donna, que só por isso que O Rapto da Meia Noite vale a pena.
O filme está à venda na loja Americanas, por R$39,90, confiram!
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