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A quase perfeição de Orgulho e Preconceito, minissérie de 1995

Uma das cenas mais marcantes da televisão britânica e do mundo da TV, de longe, é a cena de Mr. Darcy, interpretado por Colin Firth, na minissérie Orgulho e Preconceito (Pride and Prejudice, 1995), na qual ela sai do lago de sua mansão com suas roupas e a camisa branca toda molhada. A expressão espantada, mas desejosa de Elizabeth Bennet, vivida por Jennifer Ehle, é a de muitas pessoas ao redor do mundo ao ver essa cena. 

Mas não foi sempre que a BBC ou o cinema acertou ao trazer o Mr. Darcy e Elizabeth Bennet nas telonas. A primeira versão do livro Orgulho e Preconceito de Jane Austen para os cinemas foi em 1940 no filme estrelado por Laurence Olivier e Greer Garson. Puxando bem para o lado cômico, o filme não segue o mesmo ambiente do livro, já que a película reaproveitou as vestimentas do filme ...E o Vento Levou (1939). Em 1967, a BBC resolveu fazer uma minissérie de Orgulho e Preconceito, além de uma versão anterior em 1952, mas no que todos os episódios foram perdidos. 

Por isso, a emissora de TV BBC já tinha uma fórmula quase certeira para fazer com que a minissérie Orgulho e Preconceito (1995) fosse um sucesso! E foi. 

Jennifer Ehle e Colin Firth até namoraram durante e depois das filmagens                             Divulgação
Tudo começou em 1987 quando a produtora Sue Birtwistle era uma caloura na Universidade de  Coventry na Inglaterra. Seu tutor era o professor de letras e roteirista Andrew Davies e os dois conversaram sobre fazer uma adaptação de Orgulho e Preconceito em um filme ou minissérie. De acordo com a produtora, em entrevista ao site A&E, ela sempre amou esse livro de Jane Austen: 


Eu e Andrew estávamos assistindo à uma versão de Northanger Abbey e depois dos créditos terminarem e as luzes acenderem, eu disse para o Andrew: 'Nós simplesmente temos que fazer Orgulho e Preconceito' e nós prometemos ali mesmo. Isso foi há sete anos atrás. Nós sabíamos que esse era o livro favorito um do outro. 

Assim a promessa se tornou realidade, mas não sem desafios. Sue e seu professor Andrew tiveram que oferecer suas ideais à inúmeras emissoras de televisão, até que a ITV, emissora britânica, resolveu dar uma chance ao projeto, como confessa Sue: "Nós fizemos a ideia soar bem moderna, bem contemporânea. Ele estava muito alegre e ficou nos perguntando se tínhamos os direitos pelo livro. Nós asseguramos que sim e ele ficou muito chocado quando contamos que era o livro Orgulho e Preconceito de Jane Austen." 

Mas depois de enviarem os três dos seis roteiros para a emissora, a ITV achou que era cedo demais para fazer uma nova adaptação, já que a última minissérie adaptada do livro foi em 1979 e eles trouxeram a ideia à BBC, canal famoso britânico, que topou trazer a ideia deles para a realidade em conjunto com o canal A&E! 

Sue Birtwistle e Andrew Davies - os dois responsáveis por essa grande adaptação                 Divulgação
E desde o começo, os dois queriam mudar o jeito que as adaptações da obra de Jane Austen eram feitas. Em entrevista ao jornal BBC em 2015, ele disse: "Nós queríamos muita energia no show e o livro justifica porque a Elizabeth está sempre correndo por aí e ficando suada e com lama embaixo de seu vestido, o que parece excitar Mr. Darcy. Então nós pensamos em fazer algo o mais físico possível, sem ser ridículo. Vamos lembrar as pessoas que não é apenas uma comédia social, é sobre desejo e pessoas novas lidando com seus desejos e vamos mostrar isso o quanto for possível." Assim, a minissérie Orgulho e Preconceito de 1995 as cenas eram feitas em sua maioria fora do estúdio com a combinação de diálogos e movimentação dos atores. 

O livro Orgulho e Preconceito conta a história de cinco irmãs, Elizabeth, Jane, Mary, Catherine e Lydia Bennet que tem uma mãe muito futriqueira a Sra. Bennet que vai fazer de tudo para que suas filhas se casem. É aí que a chegada de dois cavalheiros distintos em Meryton, na Inglaterra, o Mr. Darcy e o Mr. Bingley, dois solteiros com uma renda muito vantajosa, efervescem a cidade e transforma completamente a vida da família Bennet. 

Não é preciso dizer que a personagem de Mr. Darcy é tão emblemática que o ator que vai interpretá-lo sofre uma grande pressão de estar à altura. Mas surpreendentemente não foi por isso que Colin Firth quase decidiu passar a chance de interpretar o personagem. Como contou Sue Birtswistle para o jornal The Guardian: 'Eu sabia que ele seria perfeito. Mas ninguém concordou comigo, muito menos Colin. Ele achava que Jane Austen era algo muito de menininha e não queria fazer um drama clássico. Ele não fazia ideia de que o Mr. Darcy era uma personagem tão importante da literatura e ficou chocado com a reação das pessoas quando contou que estava considerando fazer o papel - comentários de que Mr. Darcy deveria ser sexy e que [Laurence] Olivier o interpretou e que ele não faria melhor." Colin quase interpretou uma drag queen no filme Priscilla A Rainha do Deserto, ao invés do Mr. Darcy.

Sue Birtwistle trabalhou com Colin Firth no filme Dutch Girls, de 1985 e sempre soube que ele seria perfeito no papel. Para tanto, como conta o livro Colin Firth: The Biography de Alison Maloney, ela teve que escrever uma longa carta explicando porque acharia que ele seria perfeito e enviando o roteiro dos seis episódios. Assim que o ator leu, já estava dentro, como ele conta no livro The Making Of Pride and Prejudice: "Era incrível. Eu não consegui largar nem para sair de casa. Eu não acho que nenhum roteiro me deixou tão animado assim, apenas no termo de romance da história." 

Outra curiosidade é que Colin tingiu o cabelo para participar da minissérie - seu cabelo era um tanto ruivo       Divulgação
Já Jennifer Ehle, uma americana que estudava artes cênicas na Inglaterra nos anos 90 e que até pintou as sobrancelhas de preto para que na audição pudessem vê-la mais fielmente como Elizabeth Bennet - já que a atriz era loira, revelou que sempre quis interpretar a personagem: "Elizabeth é um papel incrível. Eu li o livro pela primeira vez com 12 anos de idade e foi o primeiro livro de romance adulto que li. Eu tentei ler O Morro dos Ventos Uivantes, mas eu não consegui entender - era uma paixão muita adulta. Com o Mr. Darcy eu entendi e me apaixonei por ele e por Elizabeth." 

Ela foi escolhida entre uma seleção de mulheres atrizes entre 20 a 30 anos de idade e de acordo com o diretor da minissérie, Simon Lagton, ela foi escolhida por sua tenacidade: "Elizabeth Bennet deveria ter um apelo mais sensual porque a estaríamos vendo por mais de seis horas. Isso não significava que ela deveria parecer como uma deusa, o contrário, mas eu sabia que Jennifer tinha isso. Mas eu tive que convencer os produtores, o diretor de casting e o editor do roteiro, que eram todas mulheres. Ela era tão composta. Ela acertava em cheio toda vez. Ela era formada. Eu fiquei espantado com ela, todo mundo estava." 

Todos os outros atores, a não ser aquelas mais conhecidos no mundo artístico como Colin e Alison Steadman (a Sra. Bennet), tiveram que passar por uma audição, inclusive Susannah Harker, que interpreta Jane Bennet, apesar de sua mãe, Polly Adams, ter interpretado a mesma personagem em 1967. Outra curiosidade interessante é que a atriz estava grávida durante a filmagem da minissérie e que seu par na minissérie Orgulho e Preconceito de 1995 era Crispin Boham Carter, primo de Helena Boham Carter e que achava que iria interpretar o vilão da história, Wickham, quando foi escalado. 

Jane Bennet (Susannah Baker) e Mr. Bingley (Crispin Boham Carter), o casal doce                     Divulgação
A gravação da minissérie Orgulho e Preconceito de 1995 começou em junho de 1994 em Grantham, um vilarejo na Inglaterra e as filmagens se estenderam em outras cidades próximas, com um orçamento de 6 milhões de euros e cinco meses de duração. Apesar de ser o protagonista, a personagem de Colin Firth viaja muito a negócios e ele não se sentia tão próximo do elenco, justamente por ter grandes períodos de folga. 

Outra dificuldade da filmagem da minissérie eram as mudanças constantes de locação que não permitiam que os membros dos bastidores conseguissem terminar as gravações, dependendo do tempo e até de contratempos e acidentes. Mas a localização e o tamanho das casas eram um testamento de qual era o lugar de cada pessoa na sociedade na época, como conta Sue no minidocumentário Pride and Prejudice from Page to Screen: "Nós começamos a procurar lugares antes mesmo de estarmos oficialmente em produção. E Jared lembrou que viu um vilarejo em Laycott que daria uma ótima Meryton. E achamos que deveríamos começar por aí já que é muito difícil achar um vilarejo inteiro que você pode usar." 

O vilarejo, a mansão de Mr. Darcy e a casa das Bennets

Mas a cena mais difícil de se realizar foi a do banho no lago de Mr. Darcy. Na verdade, quem pulou no lago foi um dublê e não Colin Firth, já que o lago poderia ter alguma fonte de doença e a claúsula de seguro do ator não permitiria esse tipo de risco. Tentaram então filmar Colin em um tanque, mas na sua primeira tentativa chegou até o fundo com o nariz e quase o quebrou, com sangue por todo lado. Assim ficou decidido pelo dublê. 

Mas a cena icônica do lago de Mr. Darcy na versão de 1995 quase aconteceu nu. A BBC, no entanto, vetou a nudez, e os produtores tiveram a ideia de uma roupa de baixo, que consideraram um tanto quanto ridícula, posteriormente. Assim nasceu a cena em que Mr. Darcy depois de uma cavalgada se refresca com suas roupas, uma das cenas mais sensuais dos anos 90. 


A estreia da série Orgulho e Preconceito aconteceu em 24 de setembro de 1995 e o sucesso foi tremendo, tanto que a história conta que uma senhora de 103 anos de idade foi proibida de ver o resto da série, já que quase teve um ataque cardíaco! 

Uma das minisséries de maior audiência na TV britânica, com mais de 10 milhões de casas sintonizadas no programa, Orgulho e Preconceito (1995), apesar de ter tudo para falhar foi um grande sucesso e lançou de vez a carreira de Colin Firth no cinema internacional. 

A interpretação de Colin Firth no papel é tão icônica, apesar de seu irmão encorajá-lo a desistir do papel, que inúmeros livros foram escritos com sua personagem e a cena do lago em mente. O livro O Diário de Bridget Jones de Helen Fielding foi escrito pela autora depois que ela viu a minissérie e quando foi a hora de adaptar a história para o cinema, Colin Firth reprisou três vezes o papel do namorado perfeito, Mr. Darcy. 

Já o livro Austenlândia de Shannon Hale também foi inspirado na minissérie e a personagem obcecada pelo Mr. Darcy e o romance perfeito tem uma cópia de papelão em tamanho real de Colin Firth como a personagem da minissérie. 

Embora a versão favorita de Orgulho e Preconceito seja um debate frequente entre fãs, pode-se dizer que a produção da minissérie de 1995 está bem próxima da perfeição. Pergunte para Colin Firth! 


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  1. Amei saber disso. Comecei a ler o livro mas decidi ver primeiro o filme.Vi essa última versão com a keyra Não sabia dessa série. Gostaria muito de assisti lá .Onde eu poderia encontra lá?
    Parabéns pela pesquisa.

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    1. Olá, tudo bom? Sim, a versão com a Keira é ótima, mas depois que eu assisti a minissérie, eu, particularmente, a considero a minha favorita. Assisti todos os seis episódios em um só dia de tanto que eu gostei!
      Eu encontrei online e é possível achar legendado através deste link no youtube, seguindo a descrição do vídeo: https://www.youtube. com/watch?v=WrUnIRZ-f48. Se a falta de legenda não for problema, no youtube mesmo tem os episódios disponíveis para assistir na íntegra.
      Espero que assista e volte para nos dizer o que achou!
      Muito obrigada e abraços :)

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  2. Olá, tudo bom? Sim, a versão com a Keira é ótima, mas depois que eu assisti a minissérie, eu, particularmente, a considero a minha favorita. Assisti todos os seis episódios em um só dia de tanto que eu gostei!
    Eu encontrei online e é possível achar legendado através deste link no youtube, seguindo a descrição do vídeo: https://www.youtube. com/watch?v=WrUnIRZ-f48. Se a falta de legenda não for problema, no youtube mesmo tem os episódios disponíveis para assistir na íntegra.
    Espero que assista e volte para nos dizer o que achou!
    Muito obrigada e abraços :)

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  3. Assisti a quase todas as adaptações e realmente não há o que se falar sobre P&P de 1995. Impossível não se apaixonar pela história que é completamente fiel ao livro!!!!
    SIMPLESMENTE maravilhoso

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    1. Olá, Bruna!

      Sim, eu concordo totalmente com você! A versão de 1995 é praticamente perfeita e é impossível não se apaixonar pelo Mr. Darcy do Colin Firth, além da Elizabeth de Jennifer. Os dois tem muita química e toda a ambientação e roteiro da série é impecável!

      A minissérie é tão boa que você faz maratona e nem sente a hora passar né? Mais para frente vamos fazer uma matéria só com as adaptações de Orgulho e Preconceito, fique de olho!

      Obrigada e volte sempre :)

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    2. gostaria muito q passasse esta.minisserie pois adorei ja assisti 3 vezes.mais infelizmente as letras sao muito pequenas de dificil visualizacao

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  4. Já assisti a quase todas adaptações, mas não há o que se falar sobre P&P de 1996. A história é apaixonante, impossível não gostar!
    Simplesmente maravilhoso

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    1. Realmente é uma das adaptações mais fieis ao trabalho de Jane Austen! Não tem o que não gostar!

      Obrigada e volte sempre :)

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  5. É uma das melhores adaptações que já assisti! Gostei muito de ler seu post!

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