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Dorothy Dandridge foi a primeira atriz negra a ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz por sua interpretação de Carmen, no filme Carmen Jones (idem, 1955), baseado na ópera de Georges Bizet e no livro de Prósper Merimée. Curiosamente, a primeira atriz negra a ganhar o Oscar de Melhor Atriz foi Halle Berry em 2002, que já havia interpretado Dorothy na cinebiografia Introducing Dorothy Dandridge (idem, 1999).
Dorothy Dandridge foi a primeira atriz negra a ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz por sua interpretação de Carmen, no filme Carmen Jones (idem, 1955), baseado na ópera de Georges Bizet e no livro de Prósper Merimée. Curiosamente, a primeira atriz negra a ganhar o Oscar de Melhor Atriz foi Halle Berry em 2002, que já havia interpretado Dorothy na cinebiografia Introducing Dorothy Dandridge (idem, 1999).
A estadia de Dorothy Dandridge no Brasil foi a pauta mais votada em nossa enquete para ser a 100ª matéria do site e não é para menos: a atriz era magnífica e sua importância no pioneirismo cinematográfico não deve ser esquecido. Mas antes de 1955 e de Carmen, Dorothy não era muito famosa - renegada à filmes B por conta da cor a da sua pele e pela vigência do código Hays (conjunto de normas morais aplicadas à filmes hollywoodianos de 1930 a 1968) do qual, entre suas inúmeras restrições, também proibia que casais e beijos interraciais aparecessem nas telonas e assim diminuindo e muito as possibilidades da atriz no cinema.
Assim, quando veio ao Brasil em 1953, Dorothy veio por conta de sua carreira musical - ela fazia muito mais sucesso cantando em shows do que atuando em filmes, sendo considerada a nova Lena Horne pela crítica - e ainda não era a estrela que todos amavam, porém já estava no caminho certo.
Dorothy Dandridge em sua estadia no Brasil em sua segunda vez Divulgação |
Dorothy chegou pela primeira vez ao Brasil no dia 16 de julho de 1953, mas sua chegada era esperada no dia 12, na verdade. A atriz e cantora demorou para chegar porque saiu de Los Angeles no dia 1o de julho, mas acabou parando na cidade de Lima, no Peru porque apenas conseguiria embarcar para o Rio de Janeiro "em garantia" ou seja, se outra pessoa desistisse de seu lugar no voo (naquela época o voo para o Brasil ainda passava por escalas). Assim, ela teve que ficar em Lima, mas conseguiu chegar ao Rio de Janeiro, no aeroporto do Galeão às 10h no dia 16, um dia antes do seu compromisso de cinco semanas de shows no Copacabana Palace.
Ela foi recebida pelo diretor da publicidade da MGM, sr. Aragão, o dr. Caribé da Rocha, diretor artístico do Copacabana Palace e o sr. Oscar Ornstein, relações públicas do clube, onde ela ficaria hospedada, além de amigos e jornalistas.
De acordo com o jornal Diário Carioca, a parada em Lima, no Peru, até que não foi tão ruim assim: ela participou de um "show aéreo" realizado por Zizinho e todo o time de futebol Bangu Atlético Clube, e assim já fazendo um "esquenta" antes de chegar em terras brasileiras. A cobertura dos jornais, aliás, com a primeira chegada de Dorothy ao Brasil mostra muito bem que a atriz não era muito conhecida no país - poucos jornais cobriram sua chegada e apenas o Tribuna da Imprensa entrevistou a cantora/intérprete no Rio de Janeiro.
Foto de Dorothy sendo entrevistada pelo repórter do jornal Tribuna, única foto de 1953 Divulgação |
Na entrevista, Dorothy contou um pouco sobre seus prospectos de carreira, especialmente o da profissão de cantora:
Meu último contrato em nightclub foi em St. Louis. Para a minha volta ao Estados Unidos tenho programada uma turnê que inclui Chicago, Reno e outras cidades. Espero voltar a filmar em breve, mas ainda não tenho nenhum filme programado. Gostei muito da oportunidade que Bright Road (1953) me proporcionou de interpretar uma personagem dramática.Ela revelou também que veio ao Brasil pelo pedido especial do seu amigo Jorge Guinle, de quem era amiga particular, cumprindo apenas a rotina de shows e nada mais. Seu salário era de 20 mil cruzeiros por dia.
O jornal A Última Hora ainda revela que o visto de Dandridge foi emitido como de turista e como ela veio ao país para trabalhar, ela quase não conseguiu registrar legalmente o seu contrato com o Copacabana Palace. A Alfândega brasileira, aliás, reteve os vestidos importados de Dorothy, segundo a publicação, e a cantora teve que usar os modelitos criados pela estilista Maria Angélica, na noite de abertura esteve com um vestido branco com uma faixa amarela. A cantora trouxe seu pianista e amigo Morton Jacobs para acompanhá-la com a orquestra.
Dorothy estreou no Copacabana Palace no dia 22 de julho e foi elogiada por sua voz "belíssima, dicção sonora e clara e elegância de sensibilidade artística" e cantou as seguintes canções: Fine and Dandy, Taking a Chance of Love, Talk Sweet Talk To Me, If This Isn't Love, Blow Out The Candle, What is This Thing Called Love, Our Love is Here to Stay, It Was Just One of Those Things e a música de encerramento, You Got To See Your Baby Everynight. O sucesso foi tanto que logo depois uma gravadora do Rio lançou, ineditamente, os maiores sucessos de Dorothy em disco!
Propaganda anunciando o show de Dorothy no Brasil em 1953 e seu romance... Divulgação/Montagem |
Na biografia Dorothy Dandridge: An Intimate Biography que o empresário escreveu, ele conta mais sobre o caso, inclusive reproduzindo uma das cartas da atriz, contando sobre o romance:
Christian e eu parecemos estar sozinhos nesse paraíso tropical e eu temo ir embora. Ou é evitável? Não poderia deixar minha carreira, casar com ele e viver na América do Sul ou México? - ele possui várias propriedades lá, também. Estou tão aflita mas tão feliz. Eu sou realmente negra, Earl? Ele nunca menciona, me leva para todos os lugares, me apresenta para todos. É um sonho lindo do qual espero nunca acordar.Infelizmente, Christian era casado e com filhos, algo que ele nunca havia mencionado antes para Dorothy. A atriz/cantora ficou sabendo antes de terminar seu compromisso de shows no Copacabana, no qual o banqueiro ofereceu uma mesada de 200 mil cruzeiros para que a atriz desistisse da carreira e ficasse com ele como sua amante. Não era isso que Dorothy queria - ela queria casar, ter filhos. Assim, ela deixou um bilhete para Christian que lia-se:
Eu te amo. Eu queria ser sua esposa. Qualquer coisa além disso não funcionaria.O show de Dorothy no Copacabana Palace no Rio de Janeiro foi do dia 22 de julho até o dia 11 de agosto de 1953 e já não bastasse todos os contratempos da atriz no país, o Copacabana Palace, um dia antes de sua despedida do Rio de Janeiro, sofreu um incêndio, tudo por causa de uma lâmpada próxima da cortina. O show de despedida de Dorothy, no entanto, aconteceu no Golden Room como programado e logo depois ela partiu para São Paulo, onde fez uma breve visita para participar da boite no Hotel Lord. De lá, a atriz voltou para os Estados Unidos, com um compromisso de shows no clube Mocambo em Hollywood.
Ainda sobre o romance com Christian Marcos, Earl Mills, empresário da estrela, afirmou que ela ficou profundamente deprimida com o rompimento, com os médicos brasileiros receitando "calmantes que ela consumia como se fossem doces", e assim ela teve que começar a consultar um psicólogo.
Depois de sua volta aos Estados Unidos, ela continuou atuando em filmes, fazendo shows e conseguiu o papel de uma vida inteira em Carmen Jones (idem, 1954). Uma estrela consagrada, com uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz, Dorothy voltou ao país mais poderosa do que nunca e dessa vez a imprensa brasileira não a esnobou - Dorothy recebeu tratamento de estrela!
Dorothy Dandridge em sua segunda visita no Brasil em 1955 Divulgação/Montagem |
Antes da pré-estreia de Carmen Jones no Brasil, no entanto, aconteceu uma coletiva de imprensa entre às 18h e às 22h no Clube dos Banqueiros. Harry Stone, conhecido como o "embaixador de Hollywood" e representante da United Artists no Brasil, organizou o cocktail, além de Arthur de Castro, representante da FOX brasileira. A festa também tinha a presença da imprensa brasileira, além de atores como Anselmo Duarte, Cyl Farney, Fada Santoro, Tonia Carrero, Paula Autran, Miro Cerni e o produtor Fernando de Barros.
Acima com o ator Cyl e abaixo com Harry Stone e Arthur Divulgação/Montagem |
O filme é uma beleza. Esforcei-me ao máximo, dando tudo que eu podia, profissionalmente. É um espetáculo que nos oferece grandes sensações humanas. Espero que o público brasileiro acolha esta versão da obra de Bizet da mesma forma que foi acolhida nos Estados Unidos.A atriz também deixou claro o quanto ficou feliz de participar de uma campanha que ajuda as crianças abandonadas, afirmando que: "venho colaborar numa campanha de tão alto valor social e filantrópico, como a da recuperação dos menores abandonados." Sobre seus prospectos no cinema, a atriz revelou que tinha dois filmes em vista: "estudam a possibilidade de eu estrelar uma das duas refilmagens: O Anjo Azul que foi interpretado há tempos por Marlene Dietrich ou Duas Bandeiras de Claudette Colbert." Dorothy nunca estrelou em nenhuma das duas adaptações.
Dorothy na coletiva de imprensa e ao lado de Cyl e Miro Divulgação/Montagem |
Dorothy na première de Carmen Jones Jornal Rio |
Dorothy apagando as velinhas do seu bolo de aniversário Divulgação/Mundo Ilustrado |
A atriz pegou um voo noturno, logo depois de jantar no Hotel Copacabana ao lado do sr. Oscar Ornstein, de quem ela se tornou amiga íntima, que já havia recebido a atriz em sua vinda em 1953. A atriz deu adeus ao Brasil no dia 10 de novembro, mas sua carreira promissora nunca deslanchou verdadeiramente: o preconceito e a incapacidade dos estúdios de não darem papeis mais desafiadores para Dorothy fez com que ela continuasse a lucrar mais em seus shows do que nos filmes em que atuava.
Para se ter uma ideia, depois de Carmen Jones (idem, 1954), ela atuou em mais sete filmes apenas, tudo em um intervalo curto de sete anos.
Dorothy preparando-se para voltar aos Estados Unidos - roupa quase idêntica de sua chegada Divulgação |
Ela encontrou, posteriormente, amor nos braços de Jack Denison depois do término com Otto, mas era uma ilusão: o empresário abusava verbalmente e fisicamente da atriz e ao finalmente se divorciar dele em 1962, as finanças dela estavam totalmente acabadas e ela teve que abrir um pedido de falência, inclusive tendo que colocar sua filha de necessidades especiais, Harolyn (nascida em 1943) - do primeiro casamento com Harold Nicholas - em uma instituição por estar sem dinheiro.
Foi no meio de toda essa turbulência em sua vida pessoal e profissional, tendo se afastado de seu empresário Earl Mills durante o tempo que ficou casada com Denison, que a atriz retornou ao Brasil para uma série de shows no Rio de Janeiro.
Dorothy maravilhosa sendo recebida no aeroporto do Galeão em 1960 Divulgação/Montagem |
Recebida pelo empresário Carlos Machado, que patrocinava a temporada da atriz no Copacabana Palace, a atriz foi roubada em mais de 800 dólares, que na época equivaliam à quase 200 mil cruzeiros. A atriz estava acompanhada de sua camareira Vita Cleveland, - e alguns jornais afirmam que sua filha Harolyn também veio, mas parece ser improvável já que Harolyn necessitava de cuidados 24h- enquanto desciam do avião em todo aquele bafafá. A multidão se aglomerou, Vita foi pressionada pela multidão e avisaram-lhe que sua bolsa estava aberta. Então, a surpresa: roubaram todo o dinheiro dela e o de Dorothy, que ela guardava!
Dandridge não deixou transparecer sua aflição de ter todo o dinheiro roubado, mas fez um apelo aos fotógrafos no local: "Pode ser que algum tenha registrado, em um golpe de sorte, o momento em que o ladrão agia." Vita foi mais rápida, tratou logo de falar com a Polícia Feminina, que encaminhou o caso para a Polícia Marítima e Aérea, mas o dinheiro de Dorothy nunca foi achado.
Ainda assim, a atriz/cantora continuou a falar com a imprensa no aeroporto, revelando que ficaria sete dias no Rio de Janeiro e mais sete em São Paulo, que trazia 25 vestidos para suas apresentações e dois maiôs para "se queimar na praia" e que adorava o "café forte brasileiro." Saiu acompanhada de Vita, Harry Stone, Jorge Guinle e de Carlos Machado.
A camareira Vita Cleveland reportando o roubo do dinheiro de Dorothy Divulgação/Montagem |
O jornal O Mundo Ilustrado contou, em detalhes, o que exatamente aconteceu durante a coletiva de imprensa da atriz:
Sem dizer uma palavra, a bela atriz sentou num sofá forçando um sorriso, enquanto os fotógrafos espocavam flashes em todas as direções. Os lábios da estrela, visivelmente trêmulos, apertaram-se e duas lágrimas correram dos olhos. Ante a surpresa geral, a eficiente Vita arrebatou Dorothy do recinto, levando-a de volta para os seus aposentos.
Dorothy Dandridge sendo resgatada por sua camareira Divulgação |
Afinal, o que pensam que eu sou? O artista não é uma estátua de pedra. Roubam-me todo o meu dinheiro, meu melhor amigo nesta cidade está entre a vida e a morte e ainda assim acham que eu devo sorrir e posar para fotografias como se não sentisse nada?Ainda na coletiva de imprensa, Dorothy deixou claro que não era nada igual à personagem que inetrpretou em Carmen Jones (idem, 1954), parecendo um tanto irritada com as comparações:
Não sou assim na realidade, embora isso tenha aborrecido muita gente. Sou tímida, sensitiva e extremamente modesta. Visto-me com apuro, buscando sempre a sobriedade. Não uso maquiagem de espécie alguma, passando levemente o batom nos lábios. Os cabelos penteio naturalmente e sou casada, não divorciada como andaram espalhando por aí.
Dorothy momentos antes de começar a chorar em sua coletiva de imprensa Divulgação/Montagem |
O domingo de Dorothy ficou ocupado com ensaios para a estreia no Golden Room do Copacabana Palace e no dia da estreia, no dia 1 de agosto de 1960, as críticas foram brutais: jornais reclamaram da performance fraca da atriz e como sua voz não tinha potência o suficiente para preencher o local. Disseram que nas noites posteriores, o desempenho de Dorothy havia melhorado consideravelmente, mas não era nada tão maravilhoso assim.
Dorothy no dia de estreia, 1 de agosto, no Copacabana Palace Divulgação |
A imprensa brasileira não fazia ideia que Dorothy Dandridge lutava contra a depressão, misturando pílulas e álcool para aplacar sua dor; eles apenas frisavam o comportamento hostil e nervoso da estrela. Portanto, a sua estreia na TV Tupi, no dia 3 às 21h35 não foi um triunfo para a atriz, ela tentou descontrair, mas estava extremamente triste e desolada.
Dorothy Dandridge na TV Tupi em 1960 Divulgação/Revista do Rádio |
Para sua participação no show do clube Monte Líbano, Dorothy teria ganhado por volta de 400 mil cruzeiros!
Dorothy Dandridge no Baile de Gala do Sweepstake e ao lado de seu idealizador Eduardo Farrah |
Dorothy belíssima durante o seu show em Copacabana Palace Cruzeiro/Montagem |
Mas sua estadia em São Paulo, onde ela desembarcou no dia 9 mesmo, no aeroporto de Congonhas, também não começou nada bem - ela tinha uma coletiva de imprensa marcada para o dia de sua chegada no Cine Marrocos, local de sua apresentação, mas segundo o Jornal dos Sports, ela não compareceu alegando estar "afônica."
O jornal Correio da Manhã alegou que durante sua estadia em São Paulo, a atriz alegava constantemente o cansaço e doença para fugir das recepções dadas em sua homenagem. Apenas compareceu à um compromisso extra-show em São Paulo: uma homenagem que a Associação dos Homens de Cor (Negros, na verdade, mas o jornal na época referia-se a pessoas negras como de "cor") lhe prestou na Vila Prudente, na Zona Leste, porém ficou lá apenas 15 minutos.
Sobrinha ou filha? Fotos de Dorothy Dandridge em São Paulo em 1960 |
Durante a coletiva, ela se abriu mais sobre o preconceito racial que enfrentava em Hollywood pelo fato de ser negra, afirmando: "Nos Estados Unidos não existem muitos papeis para mim. Um pouco devido ao meu tipo, um pouco devido à raça. Não acredito que o meu problema seja uma questão de cor pois muitas estrelas se maquiam para ter uma cor como a minha. Deve ser algo mais profundo, a raça. E isso é uma coisa que se posso compreender de modo intelectual, emotivamente me faz sentir muito mal."
Ela realizou nove shows no Cine Marrocos, começando no dia 11 de agosto de 1960, cada um com 40 minutos cada, e duas exibições na televisão e recebeu mais de 700 mil cruzeiros por sua excursão no Brasil. Conta-se que a atriz/cantora também teve problemas em sua apresentação no Cine Marrocos, por não ter um mestre de cerimônias e assim os tradutores tinham que traduzir o que ela dizia para a plateia e vice-versa. A carreira profissional de Dorothy já não era mais a mesma.
Dorothy Dandridge no baile de gala no Rio de Janeiro: dando seu melhor, mas a maioria desinteressada... |
Pode-se afirmar que todas as vindas de Dorothy Dandridge foram melancólicas - não teve uma vez só em que ela pode aproveitar o país e suas belezas. O futuro depois do Brasil também lhe reservava uma dura realidade: perdeu todo seu dinheiro, os papeis já não vinham mais e se afundava cada vez mais em seus vícios.
Dorothy morreu no dia 8 de setembro de 1965, aos 42 anos de idade. Em uma vida repleta de altos e baixos, suas vindas ao Brasil representam muito bem o clico da estrela: seu início do auge em 1953, o seu pico em 1955 e seu declínio em 1960. Dorothy foi, enfim, uma sobrevivente.
Que matéria esclarecedora e completa! Assisti ao filme e ao procurar pela vida da atriz achei essa matéria belíssima! Parabéns!
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