A série Jeannie é um Gênio (I Dream of Jeannie, 1965-1970) continua no imaginário popular anos depois de sua estreia e seus protagonistas, Barbara Eden e Larry Hagman, se tornaram queridos no mundo todo por interpretarem, respectivamente, um "gênia" bem espevitada e um astronauta certinho.
A série Jeannie é um Gênio se aprofundava na batalha dos sexos, mas de um jeito fofo. Jeannie realmente acreditava que Nelson era seu mestre e que estava lá para servi-lo. Mas ela também o amava e acreditava que ele não sabia o que era melhor para ele, ela sim. Apesar dos elementos na superfície, era Jeannie quem dominava o Capitão Nelson e não ao contrário. Ela sempre conseguia tudo do jeito dela e gostava disso. - Barbara Eden sobre sua personagem na autobiografia Jeannie Out of The Bottle.
Jeannie é um Gênio (I Dream of Jeannie, 1965-1970) foi idealizada pelo famoso escritor Sidney Sheldon enquanto ele trabalhava no The Patty Duke Show. A história dessa mágica série começou no final de 1964 quando a produtora Screen Gems (a mesma que produzia A Feiticeira) convidou Sidney para criar uma série para eles. De acordo com sua autobiografia The Other Side, o escritor tinha a ideia de "fazer um show com um gênio. (...) Achei que seria interessante fazer o gênio ser uma mulher linda e jovem, perguntando: 'O que posso fazer por você mestre?' Era isso que eu queria para esse projeto."
E assim nasceu Jeannie é um Gênio (I Dream of Jeannie, 1965-1970)!
Barbara Eden como Jeannie e Larry Hagman como Tony Nelson |
A série conta a história do astronauta Tony Nelson (Larry Hagman) que cai acidentalmente em uma ilha, descobrindo uma garrafa misteriosa. Quando ele o abre, de dentro sai um gênio chamado Jeannie (Barbara Eden), que é linda, engraçada e que tem poderes maravilhosos. Tony resolve que o certo é libertá-la, mas não contava que a loirinha tinha se apaixonado por ele e que o seguiu até em casa, para tumultuar sua vida. Nessa equação ainda encontra-se o melhor amigo do astronauta, Roger Healey (Bill Daley) e o Dr. Bellows (Hayden Rorke) que quer descobrir o que está por trás de todas as confusões de Nelson.
No começo, poucas pessoas acreditavam no sucesso de Jeannie é um Gênio (I Dream of Jeannie, 1965-1970), acreditando que a fórmula era muito parecida com A Feiticeira (Bewitched, 1964-1972) e que as piadas de efeito cansariam o público ao longo-termo. Para o crédito de Sidney, ele havia perguntado para seu amigo e co-criador do The Patty Duke Show, Bill Asher (o produtor de A Feiticeira) se ele se importava que ele desenvolvesse Jeannie é um Gênio. Asher afirmou que não se importava. Mas Elizabeth Montgomery, a eterna Samantha Stephens, não ficou nada contente com a situação:
Apesar das similaridades entre os dois shows, a Screen Gems não estava tão certa do sucesso de Jeannie é um Gênio (I Dream of Jeannie, 1965-1970). Isso porque foi combinado que a primeira temporada seria gravada totalmente em preto e branco, já que para gravar colorido custaria 400 dólares a mais em cada episódio. Quando Sidney respondeu que pagaria do próprio bolso, um dos produtores replicou: "Não vá desperdiçar o seu dinheiro".
Outro problema foi em relação ao censores. Como a premissa do show era basicamente uma relação de amo e serviçal, as conotações sexuais eram ainda mais fortes - especialmente porque Jeannie e o Capitão não eram casados. Para contornar isso, uma série de regras de conduta foram impostas, como: eles não podiam se tocar, se Jeannie entrasse no quarto de Nelson ela teria que ser vista saindo, Tony nunca poderia entrar na garrafa do gênio e Jeannie precisava usar uma grossa meia-calça por baixo de sua roupa para que suas pernas não ficassem expostas. Seu umbigo também nunca foi exposto. Em contrapartida, Barbara escolheu a cor rosa de seu traje, pois era sua cor favorita.
Contornada essas situações com o roteiro, o novato Larry Hagman, filho da grande atriz de teatro Mary Martin, foi escolhido para ser o Capitão Nelson, depois de testes de atores como Robert Conrad, Darren McGavin e Gary Collins. Com a química entre os protagonistas acertada e toda a primeira temporada encaminhada, Sidney se focou na abertura da série que ele decidiu que seria animada e feita por Friz Freleng.
O produtor e criador da série contratou Richard Wess para compor a música-tema de Jeannie é um Gênio (I Dream of Jeannie, 1965-1970), mas sentiu que era a escolha errada para a série. Mesmo assim o jazz de Wess foi usado na primeira temporada do show. Assim que a série foi renovada, Sidney contratou Hugo Montenegro e Buddy Kaye para criarem a canção-tema que tanto amamos e conhecemos. Uma outra versão composta por Carole King e Gerry Goffin foi feita, mas nunca foi usada.
No começo, poucas pessoas acreditavam no sucesso de Jeannie é um Gênio (I Dream of Jeannie, 1965-1970), acreditando que a fórmula era muito parecida com A Feiticeira (Bewitched, 1964-1972) e que as piadas de efeito cansariam o público ao longo-termo. Para o crédito de Sidney, ele havia perguntado para seu amigo e co-criador do The Patty Duke Show, Bill Asher (o produtor de A Feiticeira) se ele se importava que ele desenvolvesse Jeannie é um Gênio. Asher afirmou que não se importava. Mas Elizabeth Montgomery, a eterna Samantha Stephens, não ficou nada contente com a situação:
Quando eu escutei o Sidney dizer: 'Eu devo pensar em algum jeito para Jeannie (com uma piscada) manifestar sua mágica como a Samantha faz (com a virada de nariz)'. Eu não conseguia acreditar no que ouvia. Eu tive que colocar minha mão no queixo para não ficar de boca aberta. Eu estava irritada. Isso não quer dizer que estava irritada com Eden ou Hagman. Eu estava brava com Sidney. Eu estava chocada. E geralmente eu tenho algo a dizer. Mas naquela noite, voltei para casa em silêncio. - Montgomery no livro Twitch Upon a Star de Herbie J. Pilato.Bill Asher e Elizabeth Montgomery (que criou uma antipatia por Eden apesar de dividirem o mesmo camarim e estúdio ao lado de Sally Field que estrelava A Noviça Voadora), no entanto, não podiam impedir o show de continuar e logo Sidney estava procurando quem seria seu gênio perfeito. Originalmente procuravam uma atriz morena para interpretar o papel, que diferenciasse a série de A Feiticeira como conta o site Cinema Clássico, mas quando Sidney viu o filme Um Gênio Entrou Lá em Casa (Brass Bottle, 1964), no qual Barbara participava, ele soube que queria a atriz como sua "gênia". Com dois seres mágicos louros e bonitos (e com gêmeas morenas), a rivalidade de A Feiticeira e Jeannie é um Gênio nunca foi tão aparente - e tão intencional.
Samantha e Jeannie -dois lados de uma mesma moeda? |
Outro problema foi em relação ao censores. Como a premissa do show era basicamente uma relação de amo e serviçal, as conotações sexuais eram ainda mais fortes - especialmente porque Jeannie e o Capitão não eram casados. Para contornar isso, uma série de regras de conduta foram impostas, como: eles não podiam se tocar, se Jeannie entrasse no quarto de Nelson ela teria que ser vista saindo, Tony nunca poderia entrar na garrafa do gênio e Jeannie precisava usar uma grossa meia-calça por baixo de sua roupa para que suas pernas não ficassem expostas. Seu umbigo também nunca foi exposto. Em contrapartida, Barbara escolheu a cor rosa de seu traje, pois era sua cor favorita.
Contornada essas situações com o roteiro, o novato Larry Hagman, filho da grande atriz de teatro Mary Martin, foi escolhido para ser o Capitão Nelson, depois de testes de atores como Robert Conrad, Darren McGavin e Gary Collins. Com a química entre os protagonistas acertada e toda a primeira temporada encaminhada, Sidney se focou na abertura da série que ele decidiu que seria animada e feita por Friz Freleng.
O produtor e criador da série contratou Richard Wess para compor a música-tema de Jeannie é um Gênio (I Dream of Jeannie, 1965-1970), mas sentiu que era a escolha errada para a série. Mesmo assim o jazz de Wess foi usado na primeira temporada do show. Assim que a série foi renovada, Sidney contratou Hugo Montenegro e Buddy Kaye para criarem a canção-tema que tanto amamos e conhecemos. Uma outra versão composta por Carole King e Gerry Goffin foi feita, mas nunca foi usada.
A tão icônica garrafa, o lar de Jeannie, foi baseada no decantador de licor da marca Jim Beam de 1964, e foi pintada em cores vibrantes. O design da garrafa mudou ao passar dos anos, mas Barbara conta em sua autobiografia que ela ainda guarda a "casa de sua gênia" da segunda temporada em um cofre. Todo o elenco, então, esperava que a gravação de Jeannie é um Gênio (I Dream of Jeannie, 1965-1970) continuasse no caminho certo. Mas não foi bem isso que aconteceu.
O episódio piloto da série começou a ser gravado no dia 1 de dezembro de 1964 e logo depois Barbara descobriu estar grávida de seu primeiro e único filho, Matthew Ansara, de seu então marido e também ator Michael Ansara. A gravação dos episódios teve que acelerar o passo, já que Sheldon não queria substituir Eden e a atriz trabalhou na série até seu oitavo mês de gravidez. A situação foi contornada filmando Barbara da cintura para cima e toda envolvida em véus e sedas.
Assim, os embates entre o diretor dos episódios Gene Nelson e Larry Hagman é que esquentaram mesmo o clima do série. Larry queria improvisar em suas falas e Gene não aceitava isso- tanto que depois das brigas Nelson não voltou mais depois do décimo episódio. Além do mais, a obsessão de Hagman por ser a estrela do show e provar que era tão bom quanto sua mãe, transformou a personalidade já arrogante do ator em algo pior. Em sua autobiografia Hello Darlin': Tall (and Absolutely True) Tales About My Life, Larry admite que ficava embriagado no set de filmagens e até recorreu à maconha e LSD, à recomendação de seu psiquiatra.
Apesar de Larry negar sua fama de arrogante e causador de problemas no set de filmagens, Barbara Eden e Sidney Sheldon afirmam em suas respectivas autobiografias que Hagman era um ator muito difícil de lidar. Sheldon o descreveu como: "antagonístico em relação às estrelas convidadas" e "sempre os ignorava e se aborrecia", brigando até com Sammy Davis Jr. Já Barbara afirmou que muitas vezes ele chorava nas gravações e seu comportamento errático piorava com as drogas e as bebidas. Um episódio em especial a chocou e muito:
Algumas freiras vieram visitar o nosso set de filmagens (...). Larry olhou para as freiras, pegou um machado que estava por lá e balançou em volta de sua cabeça de modo tão feroz que ele poderia ter matado alguém. Enquanto ele o balançava, ele começou a dizer os piores palavrões possíveis - bem na cara das freiras assustadas. (...) Não é de se surpreender que nunca mais permitiram visitantes no set de Jeannie é um Gênio depois disso.
Outro episódio impactante foi com o leão Simm durante o The Americanization of Jeannie, no oitavo capítulo da 1ª temporada, no qual Barbara avisou para Larry que ele deveria fazer amizade com o leão e tentou ensiná-lo como. O ator, irritado, afirmou que não faria amizade com um animal. Na gravação da cena, Simm estava contente ao lado de Barbara, mas ao ver Larry soltou um rugido que espantou todos do set - menos Eden.
O episódio com o leão Simm foi muito marcante - Barbara ficou conhecida como a "encantadora de leões" |
Apesar de Larry tentar minimizar suas atitudes no set de Jeannie é um Gênio (I Dream of Jeannie, 1965-1970) fica claro pelo relato de outras pessoas que ele era bem difícil de se lidar. Mesmo assim, Barbara garantiu que trabalharia com Hagman de novo se tivesse a chance, pois ele era de uma natureza bondosa e gentil e foi exatamente isso que aconteceu no filme para a TV Uivos no Silêncio da Noite (A Howling in the Woods, 1971) e na série Dallas (idem, 1978-1991).
Sobre a ambição sem limites de Larry, que posteriormente encontrou sucesso ainda maior interpretando o vilão JR Ewing em Dallas (idem, 1978-1991), Sidney afirmou:
De repente, Larry se encontrou em um show com uma linda garota semi-nua e não tinha jeito para que ele fosse a estrela da série. Eu tentei de tudo (escrevendo roteiros centrados no Capitão Nelson), mas o público estava sempre interessado em Jeannie e entre as cinco temporadas ele ficou frustado e zangado. - Sheldon via Jeannie Out of The Bottle.
Jeannie é um Gênio (I Dream of Jeannie, 1965-1970) estrelou em 18 de setembro de 1965 na NBC e se tornou um hit instantâneo com os fãs, contando com participação de estrelas como Groucho Marx, o marido de Eden, Michael Ansara, Dick Van Patten e Sammy Davis Jr. A série continuou a florescer com a produção, roteiro e criação de Sidney Sheldon - que criou pseudônimos como Christopher Golato, Allan Devon e Mark Rowane - para que a série não se tornasse uma demonstração de ego. Com a saída do diretor Gene Nelson, vários outros cineastas dirigiram os episódios de Jeannie, incluindo Claudio Guzmán e Hal Cooper.
Barbara, Larry e Sammy - tensão no set de filmagens |
Apesar de Jeannie é um Gênio (I Dream of Jeannie, 1965-1970) nunca ter sido um queridinho dos críticos, os fãs clamavam por mais episódios e a partir da segunda temporada, em cores, e com roteiros mais elaborados, a série se tornou um dos maiores sucessos da NBC.
Mas um belo dia o executivo da NBC, emissora da série, Mort Wener ligou para Sidney Sheldon e lhe deu um ultimato: para que Jeannie é um Gênio fosse renovado para uma quinta temporada, eles teriam que casar Nelson e a personagem de Barbara. O produtor contra-argumentou que essa manobra arruinaria a série, já que a tensão sexual entre os personagens era o cerne de Jeannie. Mort não queria saber e apesar do elenco tentar dissuadi-lo, de nada adiantou.
O casamento de Jeannie e Nelson - o fim da série |
Com o casamento dos personagens, filmado no Cabo Canaveral em 1970, a série havia chegado ao fim e todos sabiam! Portanto em 26 de maio de 1970, o último episódio de Jeannie é um Gênio foi ao ar e com a audiência declinando, foi uma saída inteligente enquanto a série ainda era popular.
As reprises fizeram com que Jeannie é um Gênio (I Dream of Jeannie, 1970) continuasse no imaginário do público e foram lançados dois filmes para capitalizar no sucesso da série: I Dream of Jeannie...Fifiteen Years Later (em tradução: Jeannie é um Gênio....15 anos depois) em 1985, dirigido ironicamente por Bill Asher de A Feiticeira, e I Still Dream of Jeannie (algo como: Jeannie ainda é um Gênio) em 1991. Em ambos os filmes, os fãs puderam ver o tão comentando umbigo de Eden - que se você prestar atenção é visível sim na série. Larry Hagman não participou de nenhum dos filmes, mas Bill Daley e Hayden Rorke sim.
Barbara em fotos publicitárias para seus respectivos filmes - e com o umbigo de fora |
É óbvio que após 139 episódios e dois filmes para a TV com um terceiro nunca finalizado, Jeannie é um Gênio (I Dream of Jennie, 1965-1970) continua mais viva do que nunca nos dias atuais.
A série, aliás, inspirou a criação de outra adaptação indiana, como conta o site Cinema Clássico, intitulado Jeannie Aur Juju que ficou no ar de 5 de novembro de 2012 a 6 de junho de 2014. Inspirou também a criação de um desenho animado chamado Jeannie para o canal Hanna Barbera que contou com 16 episódios em 1973. Por fim, Hollywood tenta desde 2010 tornar realidade um filme para o cinema de Jeannie é um Gênio, mas sem sucesso.
Jeannie com sua marca registrada! |
Com a morte de Larry Hagman em 2012, Barbara Eden sempre deixou claro que ele era o homem certo para o papel de Capitão Nelson, mesmo que ele não estivesse feliz com o papel, e não deixou que ele fosse substituído por Darren McGavin.
Indagada sobre a longevidade de Jeannie, Barbara em entrevista ao Huff Post afirmou:
Tira um pouco as pessoas da pressão do dia a dia. É engraçado, bobo e divertido.
Barbara, mais uma vez, mostrou estar certa: a magia de Jeannie é um Gênio (I Dream of Jeannie, 1965-1970) residia em suas estrelas e é claro na personalidade vibrante de Eden que é definitivamente nossa única Jeannie favorita!
Vem conferir mais cinco curiosidades sobre a série que você talvez desconheça, abaixo!
Que ótima matéria, cheia de detalhes. Amei saber tanto sobre uma série tão querida.
ResponderExcluirObrigada você Ana! Que bom que gostou!
ExcluirVolte sempre :)
Sempre assistia Jeannie e A feiticeira quando era criança,eu adorava... ��
ResponderExcluirTambém adoro as duas séries :)
ExcluirVolte sempre!
Parabéns pela matéria... Bem completa mesmo e retrata o que aconteceu mesmo em todos esse tempo de gravações e também com o passar dos anos dos atores. Parabéns.
ResponderExcluirOlá, Doug, muito obrigada!
ExcluirFico feliz que tenha gostado da matéria e por favor, volte sempre aqui no site :)
Abraços,