Slider

A repercussão estrondosa da morte de Carmen Miranda

A multidão lotava as ruas. Gritos, choros e palmas se interligavam durante a procissão do corpo de Carmen Miranda até a Câmara Municipal dos Vereadores, no Rio de Janeiro, onde ela seria velada. A urna funerária que armazenava o corpo da Pequena Notável chegou em um quadrimotor da Real-Aerovias pelo Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, às 10h35 do dia 12 de agosto de 1955, após uma breve parada em Belém do Pará para combustível.

Tratada como uma estrela no além-vida, apesar de muitas recepções não tão calorosas no Brasil após sua partida acusando-a de estar americanizada, o corpo de Carmen foi escoltado pelo Corpo de Bombeiro logo após o desembarque para a Praça Mauá, na sede do jornal A Noite. De acordo com o jornal Diário Carioca, dali o cortejo se iniciou à pé rumo a sede da Rádio Mayrink Veiga, com os antigos parceiros de rádio de Carmen que prestaram suas homenagens. 

Depois dali, rumo a Avenida Rio Branco, o caixão de Carmen ficou exposto na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro até às 13h do sábado, do dia 13 de agosto. A atriz foi enterrada no Cemitério São João Batista, ao lado de seu fiel amigo Chico Alves.  

Carmen Miranda no hoje icônico curta The Gang's All Here (1943)

A comoção nos Estados Unidos sobre a morte de Carmen Miranda foi um tanto mais singela, mas não menos tocante. Carmen faleceu após um encontro casual com amigos horas depois de sua última participação na televisão: no The Jimmy Durante Show em 4 de agosto de 1955. A atriz já não estava mais em seu auge: no pós-guerra, seu visual vibrante e sem preocupações era um contraste cruel demais à nova realidade do mundo. Durante as gravações se queixava de cansaço e uma tosse persistente. 

Apesar desses sinais, Carmen decidiu fazer uma "festinha" com alguns amigos em sua casa após a apresentação e um dos convidados, o empresário Jackson Flores da Cunha, em entrevista ao O Cruzeiro, relembrou que a atriz estava em ótima disposição e ficou os entretendo até as duas da madrugada. Tanto que os dois até conversaram, premonitoriamente, sobre a morte:

Depois de conversarmos sobre a nossa vida no Brasil, ela revelou: 'Gosto de viver aqui, mas uma coisa não desejo: ser enterrada aqui. Quando morrer quero ser enterrada no Brasil.'

Carmen Miranda ao lado de Jimmy Durante em sua última aparição antes de morrer

A morte de Carmen Miranda foi no mesmo dia da atriz Suzan Ball, prima de Lucille Ball, que enfrentou um câncer nos ossos e teve sua perna amputada. Muitos jornais optaram por colocar na primeira página a saga de Suzan, mas Carmen ganhou várias manchetes: apesar de estar na obscuridade, a Pequena Notável sempre foi muito amada por seus fãs e colegas. The New York Times relembrou que ela foi a atriz mais bem paga de Hollywood em 1946, enquanto outros se lembravam de suas roupas vibrantes, trejeitos exagerados que lhe deram a alcunha de "Brazilian Bombshell". 

A missa de Carmen Miranda, nascida Maria do Carmo Miranda da Cunha, ocorreu na Igreja do Bom Pastor, em Santa Monica Boulevard no dia 8 de agosto de 1955, Beverly Hills, Los Angeles, EUA. Ricardo Montalban foi um dos primeiros a aparecer na Missa, além do próprio Jimmy Durante, Danny Thomas e Carmen Cavalaro. 

Carmen ganhou uma linda eulogia do Reverendo Charles Dingham durante a Missa do dia 8 de agosto, no qual seu corpo foi velado. De acordo com o jornal San Bernardino Sun, ela sempre frequentava essa a Igreja, onde se casou com David Sebastian em 1947. O Reverendo disse que "ela deu tudo de si para fazer outras pessoas felizes. Ela literalmente cantou e dançou até acabar com seu coração. Agora está morta" e acrescentou: 

Nós nos lembramos bem dela aqui. Ela passou vários momentos especiais aqui e eu me lembro de um, em especial. Ela estava sozinha, rezando antes do altar e um rapazinho estava prestes à ser batizado. Ele não tinha uma madrinha. Eu me intrometi na oração de Carmen e perguntei se ela queria ser a madrinha. Ela disse sim e aquele menino e seus amigos tiveram uma festa maravilhosa em sua casa. 

Fãs prestando seu respeito para Carmen no mortuário

O corpo de Carmen foi exposto e embalsamado no Mortuário Cunningham & Connor e seu caixão foi carregado por seus fieis amigos do Bando de Lua: Harry, Zé Carioca, Lulu, Gringo, Orlando e Aluízio de Oliveira (o único do grupo original) até o local da missa. O viúvo da atriz, David Sebastian, consolava a mãe de Carmen que estava presente. No total, 300 pessoas compareceram à missa e três mil fãsforam ao mortuário para prestarem seu respeito à atriz. 

Carmen Miranda foi velada em um caixão bronze, usando um lindo vestido vermelho com um rosário da mesma cor envolto em sua mão esquerda. De olhos para sempre fechados, a atriz recebeu telegramas e flores de amigos como Lucille Ball e Desi Arnaz, Abbot e Costello e até de César Romero. Walter Lang foi o mais original ao mandar uma coroa misturada com frutas usadas por Carmen em seus filmes como bananas e maçãs. Poucos atores compareceram à missa, por respeito ao momento privado. 

A comediante tinha apenas 46 anos de idade, embora os jornais na ocasião, afirmassem que ela tinha 41 anos. Carmen morreu de ataque cardíaco. 

O Bando da Lua e os amigos mais próximas na missa de Carmen Miranda

Apesar do respeito dos fãs norte-americanos, a morte de Carmen não foi tão sentida em Hollywood como no Brasil -em dois dias, as notícias sobre a atriz desapareceram do jornal, mas no Brasil o luto foi de meses. Emissoras de rádio na época, por exemplo, ao saberem da morte da atriz, interromperam suas programações apenas para tocarem suas músicas. A atriz esteve no país cinco meses antes de sua morte e prometeu voltar - mas ninguém imaginava que seria dessa maneira. 

Antes de sua chegada no Brasil, Carmen, uma figura tão amada como controversa, recebeu não uma, mas doze Missas de Sétimo Dia no dia 11 de agosto de 1955. Praticamente todas as Igrejas do Rio de Janeiro prestaram homenagem para a atriz: Matriz de São Cosme e São Damião, Santuário do Coração de Maria, Matriz da Nossa Sra. Conceição e José, Matriz da Nossa Senhora da Paz, Matriz dos Sagrados Corações e tantas outras. Vários amigos da Velha Guarda de Miranda compareceram à missa oficial da família, que ocorreu na Igreja São Francisco de Paula, no Largo São Francisco no Rio de Janeiro, às 11h.

O corpo de Carmen chegou ao Rio de Janeiro no dia 12 de agosto de 1955, após partir de Miami às 17h do dia anterior, e foi recebido com toda a pompa no Aeroporto de Galeão. No desembarque estavam Maria Emilia, mãe da atriz, o viúvo David Sebastian e Aluízio de Oliveira, membro original do Bando da Lua. Os discos de Carmen Miranda estavam todos esgotados pelo Brasil afora e eram os mais tocados das rádios. 

Milhares de fãs e jornalistas se reuniram no Aeroporto de Galeão

Com o auxílio do Corpo de Bombeiros, o caixão de Carmen passou por dificuldade pela Avenida Brasil, no Rio de Janeiro. Milhares de pessoas se amontaram para ver a passagem da atriz, no que se tornou uma comoção generalizada. As ruas estavam lotadas e de acordo com o documentário Banana Is My Bussiness o carinho da população brasileira com Carmen, no pós-morte, era notável. 

De acordo com a revista Radiolândia, o caixão de Carmen saiu do Aeroporto às 10h45, acompanhado do carro do Presidente da Câmara, sr. Salomão Filho, o carro com a família de Carmen, além de automóveis de jornalistas e fãs. Ao longo da Avenida Brasil, multidões se escoravam sob os carros para dar um último adeus à atriz, com lenços brancos e palmas. Às 11h15, sob a marquise do prédio A Noite, na Praça Mauá, fãs e amigos entoavam a balada mais famosa de Carmen, Taí

Na praça, diante de todo o povo, Dorival Caymmi, Heron Domingues e Almirante se despediam da amada Carmen. O locutor Vicente Payar, famoso locutor de rádio, também prestou suas condolências. Segundo o jornal Diário Carioca, Almirante, jornalista de A Noite e amigo de Carmen, quase não conseguiu completar seu discurso de tão desolado:
Nunca me passou pela cabeça a ideia que um dia tivesse que dizer adeus para sempre para Carmen Miranda. E nem tampouco que minha voz tivesse que resumir o adeus de tantos colegas, amigos e admiradores de Carmen Miranda. Porque esta é a despedida dos artistas de rádio à sua artista mais popular. É o adeus da Velha Guarda, da Nova, é o adeus da rádio e também de A Noite que sempre prestigiou Carmen. 
Milhares de pessoas observando a despedida solene de Carmen Miranda       Radiolândia

Às 12h15, após todos os discursos, Carmen retornou para a Rádio Mayrink Veiga, onde ela começou sua carreira e em 1939 saiu para conquistar o mundo. Ali, o locutor César Ladeira, dono de uma das vozes mais icônicas do rádio nos anos 50 da Rádio Nacional, fez um lindo discurso de despedida para a atriz, que podia ser observada, com o caixão ainda fechado e envolto pela bandeira do Brasil, pelos milhares que estavam por perto via Diário Carioca
Carmen, você sempre me agradecia o apelido que um dia feliz a chamei de "Pequena Notável", desculpe-me hoje pela falta de brilho em sua despedida. Mas eu desejei apenas ser sincero, seu amigo como sempre, seu velho companheiro de luta, o representante de todos. E é sinceramente que lhe trago um muito obrigado por tudo que você fez e é sinceramente que lhe digo que seu sacrífico será sempre louvado em nossa terra. Carmen, amiga, desejamos que você descanse em paz. Nesta paz que você nunca teve em sua atribulada carreira. 
Às 12h30 daquele mesmo dia, o corpo de Carmen chega à Câmara Municipal e meia hora depois, o ataúde é aberto e os fãs podem visitar a atriz. Ela estava com a mesma roupa que foi velada nos Estados Unidos: um vestido vermelho e um rosário da mesma cor da mão esquerda. Com uma maquiagem forte e seus lábios, também na cor vermelha, Carmen foi visitada por uma média de 58 mil pessoas em 24 horas. Mais de 60 desmaiaram, 21 sapatos foram perdidos, além de uma dentadura e saia. A guarda Municipal teve que reforçar o perímetro e usou, muitas vezes, de força bruta contra o povo. 

A multidão esperando visitar Carmen na Câmara Municipal do Rio

Famosos como Ary Barroso, Patrício Texeira, Helder Câmara, arcebispo-auxiliar do Rio de Janeiro, prestaram suas homenagens ao caixão aberto. Amaro, Aurora e Cecilia Miranda, irmãos de Carmen, tiveram surtos de choro durante a homenagem. Dircinha Batista, velha amiga da atriz e comediante, revelou ao público: "com a morte de Carmen, perdi minha melhor amiga". 

De acordo com o jornal O Cruzeiro, outras celebridades brasileiras compareceram ao velório, aberto ao público, como Angela Maria, Josué de Barros, compositor que descobriu a Pequena Notável. Pixinguinha, Barbosa Júnior, João da Baiana, Sinval Silva e Vera Lúcia, coroada pela cantora como a Nova Rainha do Rádio. Ainda no dia 12 de agosto, a Câmara Municipal dos Vereadores aprovou, por unanimidade, que os presentes fizessem um minuto de silêncio para a alma de Carmen. 

Heberto de Oliveira, Walter Pidgeon, que estava no Rio na época, Oscarito, Dalva de Oliveira, Carlos Frias, Black-Out, Ataulfo Alves (que criou uma música intitulada Rainha do Samba em sua homenagem), Grande Otelo e Barbosa Júnior também foram fotografados chorando a morte da Pequena Notável.  Oscarito, aliás, se pronunciou sobre a perda para o jornal A Noite:
Estou muito pesaroso com a morte de Carmen. Lembro-me como se fosse hoje os momentos quando montávamos grandes filmes. Foi uma grande companheira que se foi. Choro a morte de Carmen como esse povo carinhoso que tanto a amou. Carmen deixa na minha vida uma grande saudade. 

Vários famosos, brasileiros e internacionais, prestaram respeito à Carmen

Carmen Miranda recebeu visitas rápidas de fãs, que apenas podiam passar para ver seu rosto até às 13h do dia 13 de agosto de 1955. Às 13h30 um locutor anunciou a saída do caixão da atriz da Câmara Municipal. Escoltada pela Polícia Especial, Carmen foi posta na carreata do Corpo dos Bombeiros. De acordo com o Correio da Manhã, a Banda da Polícia Militar tentou entoar a canção Taí para que o público cantasse, mas ele apenas queria silêncio.

Segundo o jornal O Cruzeiro, o vereador Salomão Filho pediu que os fãs não rompessem os cordões de isolamento e em um discurso com citação de Camões, revelou:
Se lá Carmen, no assento etéreo onde subsiste, memória desta vida se consente, recorda esta homenagem sincera do povo carioca. 
Entre lágrimas e mais desmaios, o corpo da atriz foi levado sob grande comoção para o cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. Desde a Cinelândia até a chegada ao cemitério, milhares de pessoas se despediam de Carmen durante as três horas de caminhada. O caixão apenas chegou ao São João Batista às 15h40 e rapidamente Carmen foi enterrada, após à sepultura precisar ser alargada para que coubesse sua urna, com mais de dois metros de comprimento. 

Carmen foi enterrada no local mais belo do cemitério 

A população invadiu o cemitério, concentrando-se ao lado da sepultura, e pisando em canteiros e lajes, inclusive subindo em árvores para conseguir ver o enterro de Carmen Miranda. De acordo com o jornal O Cruzeiro, os danos feitos pela massa popular ficaram entorno de 20 mil cruzeiros. Antes de descansar, finalmente, a família pediu que toda a maquiagem fosse retirada do rosto da Pequena Notável. 

Às 18h do dia 13 de agosto de 1955, Carmen finalmente descansava. Mais de 150 coroas enviadas de rádios, jornais, amigos e familiares foram postas em cima de seu túmulo nº 1724 E.I localizado perto de Chico Alves e Santos Dumont. A Polícia do Rio de Janeiro teve que debandar o público, que planejava dormir no cemitério para que Carmen não precisasse enfrentar aquela primeira noite sozinha. Uma mulher, inclusive, deu à luz no Cemitério diante de tamanha comoção. 

Ary Barroso conseguiu perante à Câmara que Carmen recebesse a Alcunha de Cidadã Samba, requerido desde 1948, mas não foi possível renomear uma praça na Bahia com o nome da Pequena Notável. 

Apenas uma, das inúmeras fãs que desmaiaram durante a procissão de Carmen

Após a despedida, o viúvo da atriz David Sebastian, permaneceu no Brasil por mais duas semanas, dando entrevistas para diversos jornais. Ele também se reuniu, de acordo com a revista Radiolândia, com amigos da atriz como Joaquim Rolas, Herbert Moses, Almirante, Manoel Barcelos e Aloisio Sales para fundar o Museu Carmen Miranda. Eles também tinham planos de formar a Fundação Carmen Miranda para combate à doenças cardíacas, mas esse plano nunca saiu do papel. 

Em 5 de agosto de 1976, um um prédio projetado pelo arquiteto Alfonso Reidy, o Museu Carmen Miranda foi oficialmente inaugurado na Avenida Rui Barbosa, S/N Parque em frente ao número 560 do Rio de Janeiro. O museu estava fechado desde 2014 e havia planos para que seu acervo fosse enviado para o Museu de Imagem e Som do Rio de Janeiro, porém de acordo com o site Band, essa mudança não ocorreu. Em 5 de agosto de 2023, 68 anos após a morte de Carmen, o museu foi finalmente reinaugurado no mesmo local. 

Maria Helena Bianchini, diretora do museu na época, revelou em entrevista para o jornal Manchete que o acervo foi todo doado pelo viúvo e família de Carmen. As roupas e acessórios estavam guardados em onze malas, há mais de 20 anos desde 5 de agosto de 1956. Grande parte do material estava deteriorado e foi restaurado pelo técnico Almir Paredes. 

Inauguração do Museu Carmen Miranda - à direita, Aurora e Cecilia, irmãs da atriz 

Carmen, que outrora era vista como alguém que renegou seu país para buscar sucesso no exterior e abandonou suas raízes, agora era vista como a pessoa que mais exalava a "brasilidade". Nascida em Portugal, que também prestou homenagens após sua morte, a verdade é que Carmen foi tão amada quanto odiada no Brasil. 

Se antes artistas "zombavam" dos estereótipos que Carmen levou para os Estados Unidos - especialmente após ser usada como chamariz da Política de Boa Vizinhança de Getúlio Vargas com Franklin Roosevelt - com seus vestidos vibrantes, sotaque carregado e gingado inconfundível, a Pequena Notável se tornou um verdadeiro símbolo. Seus filmes como Uma Noite no Rio (1941) e Alegria, Rapazes (1944) eram provas vivas do talento de Carmen em sempre roubar a cena mesmo perante Don Ameche e Alice Faye. 

A atriz nunca ganhou a cinebiografia que merecia, apesar de ser interpretada pela grande Marília Pera mais de vinte vezes nos palcos, pois os direitos autorais da vida e obra de Carmen Miranda foram comprados por Paula Lavigne, esposa de Caetano Veloso. De acordo com a Folha de S. Paulo, a artista planejava um longa e uma minissérie e mesmo após ser processada pelos herdeiros para reaver os direitos, ela ganhou a causa. 

Em 2006, Maria Paula e os outros dois herdeiros de Carmen inauguraram o Carmen Miranda Administração e Licenciamento para resolver essa questão de disputa judicial. Paula, no entanto, queria seus R$400 mil de volta e um novo contrato sem a interferência da família. Maria, Gabriel e Suely decidiram esperar até a imagem de Carmen cair em domínio público, o que ocorrerá em 2025.  

Até lá, os fãs lembrarão de Carmen não como uma dependente de remédios ou por seu relacionamento abusivo com David Sebastian: e sim por sua alegria de viver e de sambar. 



*Matéria requisitada por nossa leitora Cléo Iohana.

0

Nenhum comentário

Postar um comentário

both, mystorymag
© all rights reserved
made with by templateszoo