A segunda parte de Selena: A Série estreou na Netflix no dia 4 de maio deste ano, prometendo dar um fim satisfatório ao arco da história de Selena Quintanilla, a cantora descendente de mexicanos, que foi assassinada brutalmente pela amiga e parceira de negócios, Yolanda Saldívar, no fatídico dia de 31 de março de 1995. A vida da artista, no entanto, já foi alvo de uma cinebiografia, em 1997, estrelada por Jennifer Lopez e que começou a ser produzida pelo pai de Selena, Abraham Quintanilla, poucos meses após sua morte.
O resultado final de Selena: A Série apenas atesta que a família de Selena deveria deixá-la descansar em paz, ou simplesmente, parar de lançar filmes e séries sobre a cantora e continuar apenas a tomar conta do Museu de Selena, localizado em Corpus Christi, Texas, EUA. A atração de 2021, produzida pela irmã da artista, Suzette Quintanilla, é uma versão adocicada da vida da intérprete de 'Como La Flor', que nunca se aprofunda em nenhum problema real da vida de Selena: seja sua relação familiar co-dependente, seu namoro e casamento atribulado com Chris Pérez ou até o seu próprio assassinato.
Christian Serratos ficou encarregada de interpretar Selena |
Christian Serratos, atriz descendente de mexicanos, ficou encarregada de dar vida à Selena, mas aos quase 31 anos de idade, não passa credibilidade ao atuar como a cantora na fase de adolescente da série. Muitos fãs da eterna Rainha do Tejano reclamaram que Christian não teria as curvas de Selena, mas esse é o menor dos problemas. Vale lembrar que Jennifer Lopez, quando foi contratada para viver a artista em 1997, foi repudiada por fãs por não ser descendente de mexicanos e sim porto-riquenha. Hoje em dia, no entanto, a performance de J. Lo é o marco zero para qualquer comparação ou adaptação da vida de Selena.
Nem sempre a atriz ou o ator precisa parecer, fisicamente, com o biografado: Natalie Portman, por exemplo, fez um ótimo trabalho interpretando a ex-Primeira Dama dos EUA, Jackie Kennedy, no filme Jackie (idem, 2016), ganhando uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz, e não tem nada em sua fisionomia que lembra a da viúva de Jack Kennedy. Lou Diamond Philips interpretou Ritchie Valens em La Bamba (idem, 1987) e não se parece nada com o cantor, mas sua performance foi tão definidora que é impossível desvencilhar os dois.
Esse, infelizmente, não é o caso com Christian Serratos e Selena Quintanilla. Apesar de Christian ser a grande estrela de Selena: A Série - e ter se empenhado para fazer a atração sair do roteiro e se tornar realidade - ela não possui o carisma e a vivacidade da esposa de Chris Perez. A serie é o primeiro papel principal de Christian e ela ficou insegura, como ela mesma conta em entrevista ao site LA Times - e essa insegurança ficava ainda mais visível quando ela performava como Selena, pois ela não traz, em nenhum show representado na série, o ânimo ou o porte de estrela da cantora:
Eu ficava envergonhada quando nos apresentávamos diante de audiência. A mulher dentro de mim dizia: 'Eu não quero que ninguém ache que eu sou a Selena'. Eu não queria pisar nos pés dela. Toda a audiência, os extras estavam felizes por conta das músicas de Selena e nós a amamos tanto. Mas algumas vezes, eles gritavam 'Selena' quando não estávamos gravando, e isso me deixava tão envergonhada. Eu pensava: 'Por favor, não pensem que eu sou ela. Eu não sou Selena'.
Selena (e Christian) em performance no Houston Astrodome em 1994 |
Christian Serratos é uma boa atriz - bastante competente, como provou em Walking Dead - mas pelo fato de não se sentir à vontade interpretando Selena e até, por que não?, lhe dando uma pitada de sua própria personalidade, ela entrega uma personagem caricata. A Selena de Christian é só gestos femininos e risos - com sua marcante boca vermelha - mas não exibe a personalidade envolvente da cantora e nem consegue emanar a maneira como ela fazia todos à sua volta se sentirem como seus melhores amigos, nem que fosse por um minuto. O criador da série, Moises Zamora, afirmou em entrevista ao site EW que Christian arrematou o papel por sua rendição de Amor Prohibido, que deixou todos maravilhados, mas o telespectador nunca tem esse arrebatamento, ainda mais pela atriz não cantar de verdade e apenas dublar a voz de Selena.
A atriz-mirim que interpreta Selena, Madison Taylor Baez, fez um ótimo trabalho com o pouco que lhe foi dado, mas a partir da adolescência, com Christian tendo que lidar com perucas mal feitas e roupas com péssimos cortes - até mesmo àquelas que imitam as vestimentas icônicas da cantora- fica bem difícil levar a produção à sério. Se a Netflix tivesse investido mais dinheiro no departamento de figurino e maquiagem, a série estaria em um nível mais elevado e condizente com Selena, que nos anos 90, foi votada como a melhor cantora da década pela Billboard.
Selena: A Série, também conta com a produção executiva de toda a família Quintanilla - que decidiu lançar o programa após Chris Pérez, viúvo da cantora, quase conseguir estrear uma série sobre sua vida com Selena, baseado no livro 'Selena, Com Amor'. Ele, contudo, foi impedido por um processo de Abraham Quintanilla, pai da falecida artista. A influência da família não poderia ser mais prejudicial ao contar a história de Selena, já que faz com que o telespectador tenha uma visão higienizada da artista e, consequentemente de seus parentes.
Marcella, Abraham, AB e Suzette, além de Chris Pérez na calçada da fama de Selena em 2017 |
A primeira parte de Selena: A Série, lançada em 2020, nem poderia se tratar da história da Rainha do Tejano: o foco é em Abraham, vivido pelo grande ator Ricardo Chavaria de Desperate Housewives, o filho A.B, interpretado por Gabriel Chavarria, e Suzette por Noemy Gonzalez. E como eles conseguem transformar Selena e Los Dinos em uma grande banda. Selena é simplesmente um efeito dentro da narrativa e não a causa, o que é um sacrilégio, já que a série leva o seu nome.
Marcella Quintanilla, vivida por Seidy Lopez (que participou do filme Selena de 1997), a querida mãe de Selena e uma das únicas pessoas, ao lado de Chris Pérez, que sempre apoiou os sonhos da cantora além da música, quase não aparece nem na primeira e nem na segunda parte da série. Ela é apenas uma sombra, a esposa dedicada e mãe preocupada que está lá para apoiar e ajudar, sem nunca ter sua história desenvolvida ou seus conselhos ouvidos. O foco é sempre Abraham, A.B e Suzette, que inclusive não mencionou na série que foi ela quem dedurou o romance entre Selena e Chris ao pai - e como eles se sentem à respeito de todos os passos da vida de Selena - até a própria cantora dá mais crédito à eles do que a seus próprios sentimentos. É uma família perfeita, com problemas passageiros, e sempre com uma lição de moral que se encaixa perfeitamente em cada situação.
A família de Selena na série |
Selena e Chris na série e na vida real |
Christian como Selena na performance do Astrodome, 26 de fevereiro de 1995. |
Selena se encontrando com Beyoncé na série |
Selena em cena de Don Juan de Marco (idem, 1995) |
Legal
ResponderExcluirVcs desmerecem toda a família. Cada um tem seu esposo e sem eles não seria nada e vice versa, quer exatidão, só vivendo e gravando o que foi vivido na real. Não gostei do spoiler e amei a série.
ResponderExcluirEu só acho o seguinte se vc não gostou da série então faz vc mesmo
ResponderExcluirMonta roteiro
Monta o elenco
Monta trilha sonora
Monta tudo
Pq nada te agradou😼🤨
Olá, A matéria é uma opinião minha sobre a série.
ExcluirReplico a mesma sugestão para você: se não gostou da minha matéria, escreva uma você mesmo e higienize toda a vida da Selena, assim como a família dela faz. Quem sabe assim ficará satisfeito.
Volte sempre :)
Sinceramente na HBO tem o filme de 1997 e assistir os dois pra tirar minhas conclusões, o filme passa mais emoção, e passa mais verdade do que na série, eu particularmente não gostei da série pq os atores e inclusive a que faz a própria selena, aquela série na minha opinião está faltando algo
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